segunda-feira, 17 de maio de 2010

Alimentação na Gestação

Por Cainara Lins


A gestação é uma etapa da vida em que organismo sofre várias adaptações, como o aumento de 50% do volume sanguíneo e de 20% da freqüência respiratória. Além disso, ocorre aumento da demanda de energia e de nutrientes devido ao intenso processo de formação dos tecidos e desenvolvimento do bebê. Assim, o período gestacional é marcado por aumento das necessidades nutricionais, decorrentes das mudanças corporais da gestante e da demanda de nutrientes para o crescimento fetal.

Muitas gestantes, em função dessa demanda energética elevada, acreditam que podem comer de tudo e na quantidade que desejarem, muitas vezes sem se preocupar com a qualidade dos alimentos consumidos. Porém vale destacar que durante a gestação deve haver sim preocupação pelos alimentos consumidos. Os alimentos poderão influenciar diretamente no desenvolvimento do bebê e no aparecimento de complicações futuras.


Vejamos alguns exemplos de como a carência de nutrientes pode influenciar na saúde da gestante. A deficiência de vitamina C pode aumentar o risco de infecções, pré-eclâmpsia (quadro de hipertensão na gravidez) e parto prematuro, já a deficiência de ácido fólico pode causar defeitos na formação do tubo neural do bebê, por exemplo. Dentre os nutrientes que têm a necessidade aumentada durante a gestação podemos destacar o ferro, ácido fólico, cálcio, vitamina A, vitamina C, vitamina D e zinco. Portanto, a gestante deve priorizar o consumo de alimentos fonte desses nutrientes.


Para aumentar a ingestão de ferro recomenda-se consumir vegetais de cor verde escuro, tais como brócolis, couve, espinafre, carne e ovos. O ácido fólico, assim como o ferro também pode ser encontrado nos vegetais de cor verde escuro, e alimentos como a laranja com bagaço e o feijão preto cozido.


Para aumentar a ingestão de cálcio deve-se priorizar o consumo de leite e derivados; já para aumentar o consumo da vitamina C deve-se procurar consumir frutas cítricas, como a acerola, a laranja e o kiwi. A vitamina D pode ser encontrada em alimentos como o atum, a sardinha, o óleo de peixe e a gema de ovo e o zinco pode ser encontrado nas castanhas, nozes e cereais integrais. Por fim, as necessidades da vitamina A podem ser supridas consumindo alimentos fonte de carotenóides (pigmento de origem vegetal), que no nosso organismo serão convertidos na vitamina. Os carotenóides podem ser encontrados em folhosos verdes escuros e em alimentos de cor alaranjada como a abóbora, mamão, manga e cenoura.

Apesar da sua importância, a vitamina A, se consumida em excesso, pode ser tóxica na gestação. O consumo de vitamina A não precisa ser diário, já que sua recomendação é facilmente atingida com os alimentos fonte, o ideal seria consumir esses alimentos no mínimo uma vez na semana em dias alternados. Seguem exemplos da quantidade a ser consumida de alguns alimentos:

4 colheres de sopa de abóbora cozida;
1 mamão papaia médio;
1 cenoura média;
3 ramos de brócolis;
4 colheres de sopa de espinafre.
(Vitolo, 2008)

Além dos
nutrientes, outro ponto muito importante na alimentação durante a gestação é o consumo de adoçantes (também chamados de edulcorantes). Infelizmente não existe muita divulgação a respeito desse aspecto, e muitas gestantes os consomem sem controle. O recomendando é a restrição do consumo de edulcorantes a base de sacarina, já que esta pode atravessar a placenta e prejudicar o desenvolvimento do bebê. Uma sugestão é, caso realmente seja necessário o uso de adoçante, a troca para o consumo de edulcorantes a base de sucralose, já que possuem um poder de doçura parecido e não prejudicam o feto.


Por fim, observa-se que a alimentação da gestante influencia diretamente na saúde, crescimento e desenvolvimento adequado do bebê, seu peso ao nascer, nas chances de prematuridade, mortalidade e desenvolvimento de doenças. Dessa forma, é imprescindível o acompanhamento de profissionais na avaliação nutricional e no monitoramento do ganho ponderal de peso, para assim garantir a saúde da gestante e do bebê.


E lembre-se sempre, ter uma alimentação saudável é muito importante em todas as fases da nossa vida. Através dela podemos prevenir doenças, aumentar a longevidade e ficar mais dispostos para encarar o dia-dia. É uma forma simples, prática e barata de cuidar da sua saúde. E caso você não esteja grávida, também busque uma alimentação saudável e equilibrada. Isso também será fator determinante para uma boa gestação no futuro.


Referências Bibliográficas:


- COELHO KS, Souza AI, Batista FM. Avaliação antropométrica do estado nutricional da gestante: visão retrospectiva e prospectiva. Rev Bras Saude Mater Infantil. 2002;2(1):57-61.
- TIRAPEGUI, Julio. Alimentação na Gestação e Lactação. In: Nutrição Fundamentos e Aspectos Atuais. Cap. 08. 2ª Ed. São Paulo: Ed. Atheneu, 2006.
- VITOLO, Márcia Regina. Recomendações Nutricionais para Gestantes. In: Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Cap. 09. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008.
- WERUTSKY, Natalia Mira de Assumpção et al. Avaliação e recomendações nutricionais específicas para a gestante e puérpera gemelar. Einstein (São Paulo); 2008; 6(2):212-220.