quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil


Por Maína Pereira e Rafaella Santin


Para falar de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) foi convidada a Profª Dra. Muriel Bauermann Gubert (http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4731744H9), atualmente professora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília (UnB). Fez a graduação, o mestrado e o doutorado na UnB. A disciplina Nutrição em Saúde Pública foi o seu primeiro contato e a responsável por despertar profundo interesse em traçar uma carreira acadêmica nesta área. Assim, tendo como tema central de seus principais trabalhos a Segurança Alimentar e Nutricional, ela contribuiu para o blog trazendo algumas informações mostradas a seguir sobre este tema tão importante.

Para começar, a professora Muriel relembra o conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) “A SAN consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis”¹. Como pode-se observar a SAN é muito complexa, pois ela abrange diversos aspectos desde política agrícola, produção agrícola, política econômica até oferta de alimento. Ela trabalha toda a cadeia alimentar até o alimento chegar a mesa, estar disponível para todos e ser utilizado pelo organismo de forma adequada, garantindo a saúde, conforme afirma Muriel.

A professora Muriel conta que iniciou o trabalho com insegurança alimentar (IA) no governo Lula, quando o programa Fome Zero estava em alta e a fome era uma das pautas políticas. Neste período, veio para o Brasil um pesquisador da Universidade de Conecticut, Rafael Perez Escamilla, que propôs a validação de uma escala de insegurança alimentar no país. Dentre os vários profissionais que trabalharam na validação dessa escala, que posteriormente seria chamada EBIA (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar), estavam professores da UNICAMP e a Profª Muriel. A escala é composta por 15 itens e é resultado da adaptação e validação da escala HFSSM-USDA. Ela permite a classificação da IA em graus de severidade, que vai desde “segurança alimentar” até “insegurança alimentar grave”.


A situação de IA no Brasil foi avaliada no PNAD em 2004, no qual observou-se que Santa Catarina foi o estado com menos IA (2%), enquanto que o a situação mais grave pode ser observada no Maranhão (18%). De acordo com os dados da prevalência municipal, (http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102311X2010000800013&script=sci_arttext) o Nordeste apresenta IA grave, no qual 65,6% dos municípios têm prevalência muito alta de insegurança alimentar grave. Enquanto que no Sul 52,8% dos municípios tem baixa prevalência de insegurança grave. Entretanto, dados mais recentes de IA serão publicados na PNAD de 2009, que cuja liberação está prevista para novembro desse ano.


Além disso, ela afirma que para melhorar a situação brasileira de IA estão sendo tomadas medidas preventivas que atuam a longo prazo e que ainda não é possível observar todos os seus resultados. Para que isso ocorra da melhor maneira é necessário trabalhar tanto com os determinantes distais quanto com os proximais, como por exemplo, a empregabilidade de um cidadão e a comida na mesa obtida através dessa renda, respectivamente.


Quando questionada sobre qual é a sua perspectiva quanto à Insegurança
Alimentar no Brasil, a professora Muriel acredita que, dentre outras coisas, a renda deve ser melhorada através da educação. A partir disso, é possível qualificar as gerações seguintes, de tal maneira que o ciclo de uma família de baixa renda será quebrado, formando assim uma nova família com uma renda melhor. Entretanto, se essas mudanças são feitas nos dias de hoje, o resultado aparecerá somente daqui a 10 ou 20 anos. Segundo ela, essas ações corretivas já estão sendo feitas, mas aos poucos. Além disso, políticas emergenciais também estão sendo realizadas, como é o caso do Bolsa Família, sendo às vezes, a única oportunidade daquela família de conseguir algum alimento. Segundo Muriel, as políticas emergenciais devem ocorrer juntamente com as ações corretivas, afinal, sem isso, seria muito difícil quebrar o ciclo de pobreza vivido.

Para finalizar, a professora Muriel afirma que a Segurança Alimentar e boas condições de saúde, que refletem no estado nutricional, são resultados de políticas mais estruturantes, que não serão só corrigidas com a distribuição de renda. Além disso, esse tipo de trabalho envolve milhões e milhões de pessoas com realidades e condições ambientais diferentes. Para isso a SAN participa de uma abrangência social muito maior, intrinsecamente as dificuldades também serão maximizadas, o que não tira a satisfação pelo esforço de novos dados que gerem ações e políticas públicas a fim de que todos tenham uma alimentação adequada.

¹ Art. 3º da Lei 11.346 de 15 de setembro de 2006 – Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Políticas Públicas, Nutrição, Publicidade e Responsabilidades

Karoline Cruvinel e Marcella Chaves
A entrevistada de hoje é a professora Doutora Anelise Rizzolo de Oliveira Pinheiro, formada na Universidade Federal de Pelotas – UFPel - RS, atualmente professora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília – UnB e pesquisadora associada do OPSAN/UnB. Possui mestrado em Saúde Pública e doutorado em Política Social na UnB. Profissional ativa e curiosa às crescentes mudanças dos programas e dos movimentos sociais, sempre teve inclinação para Nutrição Social e Saúde Pública, com um carinho especial pelo ambiente universitário.


Dentre idas e vindas entre Brasília e o sul do país, sempre acompanhada pelo marido, decidiu que o seu lugar era em Brasília, cidade pela qual diz ser apaixonada. Além de lecionar na UnB, trabalhou no Ministério da Saúde na Coordenadoria Geral da Política de Alimentação e Nutrição.

Em uma conversa muito descontraída, a entrevistada fala sobre a relação entre o estado, a indústria e sociedade em relação às políticas públicas de saúde e de nutrição do país, além de questionar algumas mudanças e mostrar que políticas públicas envolvem muito mais do que se pensa.


Dentre as políticas públicas de nutrição, qual o tema mais polêmico/interessante?

Tudo que é falado de nutrição dentro de políticas públicas tende a ser polêmico, pois o alimento e a alimentação hoje são vistos como uma mercadoria qualquer, virando um nicho de mercado que visa a competição e o lucro, o que é um absurdo. Algo que acredito ser muito polêmico e que me chama bastante atenção nesse cenário atual está ligada a regulamentação da publicidade de alimentos.


Quando se fala de publicidade e marketing de alimentos, acho que existe um desrespeito enorme das mídias em geral, em que tudo é voltado para proteger à saúde em nome de gerar lucro. De certa forma, acho que se instalou um quarto poder no mundo e no Brasil, poder que acha que pode tudo e não respeita Estado, valores e família, tudo em nome da acumulação de capital. Uma das coisas que eu mais me preocupo em alertar os meus alunos é tentar mostrar que somos enganados o tempo inteiro. Então precisamos despertar para ter uma consciência crítica deste processo.


Qual exemplo você poderia nos dar sobre desrespeito na publicidade de alimentos?

As diversas propagandas mentirosas veiculadas na mídia diariamente são um exemplo. É um crime contra a população veicular mensagens enganosas. Nos submetemos a coisas que nos ferem e violam nosso direitos como cidadãos todos os dias e não percebemos, sendo arrastados pela má informação ou dês-infomação. Diferente do que se pensa, essa questão não está ligada somente ao livre arbítrio, mas também às políticas públicas de nutrição.

Outro exemplo são as gôndolas de supermercado perto dos caixas para pagamento, que induzem às crianças/filhos a comprarem produtos desnecessários. Em países escandinavos é proibido um supermercado ter esse tipo de gôndola, pois há proteção à pessoa e não à empresa. Acredito que as pessoas devem ter consciência e a capacidade de dizer que prefere isto ou aquilo, ou seja, de escolher, mas sabendo o que acarretará a sua escolha. Atualmente, a mídia, como representante dos interesses das industrias de alimentos, joga para a sociedade uma responsabilidade que deve ser em grande parte sua. Não podemos ficar brincando de “gato e rato o tempo todo, sociedade e mercado e vice – versa.


As políticas de saúde e nutrição se relacionam intensamente com isso, visto que a criação de uma política acontece devido a carência ou desequilíbrio em alguma parte do processe da cadeia alimentar. Por exemplo, o programa nacional de suplementação de ferro (política pública de nutrição onde há suplementação de ferro medicamentoso e enriquecimento da farinha de trigo e milho com ferro e ácido fólico). O modelo de alimentação industrializada , o tipo de alimento consumido e até o padrão de nutrientes no solo que se produz o alimento hoje mudaram e com ele surgiu a necessidade de ”suplementar/compensar e/ou adicionar por exemplo, ferro aos alimentos (no caso das altas preval6encias de anemia no grupo materno – infantil). Por isso digo que tudo está interligado: dieta, políticas públicas, publicidade e até a escolha de determinado alimento.

Mas porque devemos achar normal e aceitar esse modelo de progresso que está levando a humanidade à obesidade e às doenças crônicas ligadas à alimentação? Porque não podemos escolher outro modelo? Porque devemos culpar as pessoas por isso? Não é o progresso que está errado. Não existe somente um modo de gerar progresso. O progresso pode ser fruto de um modelo de desenvolvimento mais justo, equitativo e sustentável, por que não ??? Porque as gerações futuras não podem avançar nisso? Se mais pessoas pensarem diferente, outras formas começarão a ser discutidas. O consumo sustentável, por exemplo, é um modelo que admite necessidade do consumo, mas estabelece limites e uma dinâmica circular /espiral dos processo produtivos para preservar o meio ambiente e promover saúde.

O que você considera mais importante como meta para a saúde pública e a nutrição para os próximos anos?
O mais importante é que o Estado, a indústria e a sociedade assumam conjuntamente responsabilidade sobre as políticas públicas, e estabeleçam um pacto sério. E que os objetivos das políticas sejam mais ousados, pois a própria Política Nacional de Alimentação e Nutrição está distante do que deveria, já que possui pouca representatividade no cenário político.

O embate de regulamentação da publicidade, que foi aprovada, fez a indústria se voltar contra o Ministério da Saúde. Esse tipo de situação revela a preocupação do mercado unicamente com seus interesses. Por um lado, o Ministério da Saúde compreende a necessidade de lucro da indústria, por outro lado, é preciso que a indústria entenda a necessidade de promover/produzir a saúde. Então, é preciso haver flexibilidade dos dois lados, ambos precisam fazer concessões, o que é negado pela indústria, que não quer perder sua lucratividade.

Caso contrário, serão feitos pequenos ajustes, e até pequenas mudanças acontecerão, porém de forma lenta e com impacto social imperceptível. É preciso impedir que o mercado consiga sempre vitória em relação aos cidadãos, que arcam com o maior prejuízo.


Qual seria a função da sociedade nessas mudanças?

Nesse meio, a função da sociedade é reconhecer e assumir sua responsabilidade, acreditar na sua capacidade de mudança e de gerar resultados, uma vez que polemizar e reivindicar por direitos causam impacto, para que assim as empresas reconheçam e assumam sua responsabilidade e se modifiquem.





segunda-feira, 17 de maio de 2010

Alimentação na Gestação

Por Cainara Lins


A gestação é uma etapa da vida em que organismo sofre várias adaptações, como o aumento de 50% do volume sanguíneo e de 20% da freqüência respiratória. Além disso, ocorre aumento da demanda de energia e de nutrientes devido ao intenso processo de formação dos tecidos e desenvolvimento do bebê. Assim, o período gestacional é marcado por aumento das necessidades nutricionais, decorrentes das mudanças corporais da gestante e da demanda de nutrientes para o crescimento fetal.

Muitas gestantes, em função dessa demanda energética elevada, acreditam que podem comer de tudo e na quantidade que desejarem, muitas vezes sem se preocupar com a qualidade dos alimentos consumidos. Porém vale destacar que durante a gestação deve haver sim preocupação pelos alimentos consumidos. Os alimentos poderão influenciar diretamente no desenvolvimento do bebê e no aparecimento de complicações futuras.


Vejamos alguns exemplos de como a carência de nutrientes pode influenciar na saúde da gestante. A deficiência de vitamina C pode aumentar o risco de infecções, pré-eclâmpsia (quadro de hipertensão na gravidez) e parto prematuro, já a deficiência de ácido fólico pode causar defeitos na formação do tubo neural do bebê, por exemplo. Dentre os nutrientes que têm a necessidade aumentada durante a gestação podemos destacar o ferro, ácido fólico, cálcio, vitamina A, vitamina C, vitamina D e zinco. Portanto, a gestante deve priorizar o consumo de alimentos fonte desses nutrientes.


Para aumentar a ingestão de ferro recomenda-se consumir vegetais de cor verde escuro, tais como brócolis, couve, espinafre, carne e ovos. O ácido fólico, assim como o ferro também pode ser encontrado nos vegetais de cor verde escuro, e alimentos como a laranja com bagaço e o feijão preto cozido.


Para aumentar a ingestão de cálcio deve-se priorizar o consumo de leite e derivados; já para aumentar o consumo da vitamina C deve-se procurar consumir frutas cítricas, como a acerola, a laranja e o kiwi. A vitamina D pode ser encontrada em alimentos como o atum, a sardinha, o óleo de peixe e a gema de ovo e o zinco pode ser encontrado nas castanhas, nozes e cereais integrais. Por fim, as necessidades da vitamina A podem ser supridas consumindo alimentos fonte de carotenóides (pigmento de origem vegetal), que no nosso organismo serão convertidos na vitamina. Os carotenóides podem ser encontrados em folhosos verdes escuros e em alimentos de cor alaranjada como a abóbora, mamão, manga e cenoura.

Apesar da sua importância, a vitamina A, se consumida em excesso, pode ser tóxica na gestação. O consumo de vitamina A não precisa ser diário, já que sua recomendação é facilmente atingida com os alimentos fonte, o ideal seria consumir esses alimentos no mínimo uma vez na semana em dias alternados. Seguem exemplos da quantidade a ser consumida de alguns alimentos:

4 colheres de sopa de abóbora cozida;
1 mamão papaia médio;
1 cenoura média;
3 ramos de brócolis;
4 colheres de sopa de espinafre.
(Vitolo, 2008)

Além dos
nutrientes, outro ponto muito importante na alimentação durante a gestação é o consumo de adoçantes (também chamados de edulcorantes). Infelizmente não existe muita divulgação a respeito desse aspecto, e muitas gestantes os consomem sem controle. O recomendando é a restrição do consumo de edulcorantes a base de sacarina, já que esta pode atravessar a placenta e prejudicar o desenvolvimento do bebê. Uma sugestão é, caso realmente seja necessário o uso de adoçante, a troca para o consumo de edulcorantes a base de sucralose, já que possuem um poder de doçura parecido e não prejudicam o feto.


Por fim, observa-se que a alimentação da gestante influencia diretamente na saúde, crescimento e desenvolvimento adequado do bebê, seu peso ao nascer, nas chances de prematuridade, mortalidade e desenvolvimento de doenças. Dessa forma, é imprescindível o acompanhamento de profissionais na avaliação nutricional e no monitoramento do ganho ponderal de peso, para assim garantir a saúde da gestante e do bebê.


E lembre-se sempre, ter uma alimentação saudável é muito importante em todas as fases da nossa vida. Através dela podemos prevenir doenças, aumentar a longevidade e ficar mais dispostos para encarar o dia-dia. É uma forma simples, prática e barata de cuidar da sua saúde. E caso você não esteja grávida, também busque uma alimentação saudável e equilibrada. Isso também será fator determinante para uma boa gestação no futuro.


Referências Bibliográficas:


- COELHO KS, Souza AI, Batista FM. Avaliação antropométrica do estado nutricional da gestante: visão retrospectiva e prospectiva. Rev Bras Saude Mater Infantil. 2002;2(1):57-61.
- TIRAPEGUI, Julio. Alimentação na Gestação e Lactação. In: Nutrição Fundamentos e Aspectos Atuais. Cap. 08. 2ª Ed. São Paulo: Ed. Atheneu, 2006.
- VITOLO, Márcia Regina. Recomendações Nutricionais para Gestantes. In: Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Cap. 09. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008.
- WERUTSKY, Natalia Mira de Assumpção et al. Avaliação e recomendações nutricionais específicas para a gestante e puérpera gemelar. Einstein (São Paulo); 2008; 6(2):212-220.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Aditivos Alimentares



Por Daiane Sousa


Quem tem o hábito de ler os rótulos de alimentos já se deparou, na lista de ingredientes, com algumas palavras "estranhas" como espessante, antiumectante, estabilizante, antioxidante, edulcorante, entre outras.

Afinal, o que esses "ingredientes" significam? Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), além da matéria-prima normalmente utilizada para a fabricação do alimento industrializado, é necessário citar, na lista de ingredientes, todos os aditivos alimentares que o mesmo possui.


Os aditivos alimentares têm sido usados por séculos: nossos ancestrais usaram sal para preservar carnes e peixes; adicionaram ervas e temperos para melhorar o sabor dos alimentos; preservaram frutas com açúcares e conservaram pepinos e outros vegetais com vinagre. Entretanto, com a vida moderna, mais aditivos têm sido empregados, a cada ano. São nos produtos industrializados do nosso cotidiano, como os de baixo valor calórico, fast-food, salgadinhos embalados (snaks), que encontramos os aditivos mais “modernos”. Se por um lado estes produtos são fundamentais para preservar estes alimentos, por outro lado, são eles que modulam o seu aspecto visual, seu sabor e odor, para deixá-los mais palatáveis e atrativos ao consumidor. O lado bom é que alguns deles são empregados para aumentar o valor nutricional e evitar a sua decomposição ou oxidação com o passar do tempo. O número de aditivos atualmente empregados é enorme, mas todos eles sofrem uma regulamentação federal no seu uso: alguns são permitidos somente em certas quantidades, enquanto que outros já foram banidos.



Mas para que servem os aditivos alimentares? Será que eles prejudicam a saúde do consumidor?

De acordo com a ANVISA, considera-se aditivo alimentar qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem o propósito de nutrir, mas com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais (como aroma, cor, sabor e odor) durante o processamento do alimento. Esta definição não inclui substâncias nutritivas que sejam incorporadas aos alimentos para manter ou melhorar suas propriedades nutricionais e nem contaminantes.

Nas indústrias, os aditivos alimentares também são utilizados para aumentar o prazo de validade dos alimentos e prevenir alterações indesejáveis (como, por exemplo: bolor), facilitando também sua disponibilidade durante qualquer época do ano, para um grande número de consumidores e, em muitas ocasiões, a um baixo custo.



Quanto à saúde, é preciso cuidar dos tipos e quantidades. Para tanto, o Ministério da Saúde, por meio da ANVISA, regulamenta e limita seu uso a alimentos específicos, na menor quantidade possível, para alcançar o efeito desejado; evitando assim, qualquer tipo de problema de saúde.


Antes de um novo aditivo ser liberado para uso em produtos industrializados, pesquisas são realizadas com objetivo de avaliar possíveis efeitos tóxicos, sendo que sua utilização é proibida:


- quando há evidências ou suspeitas de que o aditivo não é seguro para o consumo, ou
- quando interfere desfavoravelmente no valor nutritivo do alimento, ou
- quando serve para encobrir falhas no processamento e na manipulação do produto, ou ainda, para encobrir alterações e adulterações da matéria-prima ou do produto já elaborado, enganando o consumidor.

Mas, apesar do rigor dos estudos e da legislação e mesmo sabendo que nem todos os aditivos alimentares são sintéticos - sendo que muito deles são naturais (como alguns corantes, aromatizantes e flavorizantes) - não há como impedir que pessoas mais sensíveis, possam desencadear alergia ou intolerância a eles, assim como existem, aquelas que têm alergia ou intolerância a alimentos in natura e sem aditivos, como frutas frescas, ovos ou pescados.



Veja na tabela a seguir, os principais aditivos alimentares utilizados pela indústria, suas funções e alguns exemplos:






Fonte: ANVISA


Agora use esta tabela na prática:

Procure um alimento industrializado na sua casa. Encontre, na embalagem, a lista dos ingredientes. Identifique e ache a função de cada um dos aditivos alimentares presentes.



Mas atenção, os produtos industrializados fazem parte do nosso cotidiano e devemos sim buscar informações seguras quanto ao processamento e valores nutricionais. A população deverá ser esclarecida quanto aos sabores artificiais e baixo valor nutricional de snacks, por exemplo. Além disso, uma alimentação saudável deverá conter, necessariamente, produtos in natura, como frutas e hortaliças, diariamente. São alimentos perecíveis, mas de altíssimo valor nutricional.


Referências bibliográficas:

ANVISA, Legislação Específica de Aditivos Alimentares e Coadjuvantes de Tecnologia. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/ALIMENTOS/legis/especifica/aditivos.htm. Acessado no dia 4 de fevereiro de 2010.

POLÔNIO, M. L. T.; PERES, F. Consumo de aditivos alimentares e efeitos à saúde: desafios para a saúde pública brasileira.

SCHVARTSMAN, S. Aditivos Alimentares. Revista de Pediatria São Paulo USP, número 4, páginas de 202-210, 2002.

TONETTO, A. S. de; HUANG, A. O Uso de aditivos de cor e sabor em Produtos Alimentícios. Universidade de São Paulo. São Paulo, novembro de 2008. Disponível em: http://74.125.155.132/scholar?q=cache:lxVRZfe-1hgJ:scholar.google.com/+aditivos+alimentare&hl=pt-BR&as_sdt=2000. Acessado no dia 4 de fevereiro.








sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Saiba mais sobre o licopeno!

Por Beatriz Christina Luzete

Nos últimos anos, o licopeno tem atraído bastante interesse dos pesquisadores e do público em geral, devido aos benefícios que proporciona à saúde. Essa substância é um potente antioxidante natural e combate os radicais livres que, em excesso, comprometem o bom funcionamento do organismo e aceleram o seu envelhecimento. Essa função antioxidante tem sido muito investigada e estudos demonstraram que dietas ricas em licopeno contribuem na diminuição do risco de doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.

O licopeno é um carotenóide que confere a cor vermelha às frutas e vegetais. Ele não é produzido pelo organismo humano, mas pode ser obtido pela dieta alimentar em um número limitado de alimentos como, por exemplo, a melancia, a goiaba, o mamão, a pitanga e o tomate.



Um teor maior de licopeno é encontrado em alimentos produzidos em regiões de climas quentes. Geralmente, quanto mais avermelhado for o alimento, maior será a quantidade de licopeno. As maiores concentrações deste carotenóide costumam estar nas cascas dos frutos. Mas, na goiaba e na melancia, está presente na polpa.
A quantidade média de licopeno, em frutas está descrita na Tabela 1.

Tabela 1 – Composição de Licopeno(µg/g) em alguns frutos brasileiros


Fonte: Tabela Brasileira de Composição de Carotenóides em alimentos, 2008, p. 52-55, 57-58, 60-62


Uma característica interessante do licopeno é que ele mantém suas propriedades químicas ou medicinais quando concentrado ou cozido. Os níveis de licopeno nos produtos processados são geralmente maiores do que os encontrados em alimentos crus, dado que há concentração do produto no processamento 5. Porém, é bom ressaltar que alimentos como catchup e molhos de tomate industrializados também contêm grande quantidade de sódio e aditivos alimentares. Desse modo, o consumo dos alimentos naturais (o próprio tomate, suco de tomate, molho caseiro de tomate) é preferível a esses industrializados.


Fonte: BRAMLEY, 2000 apud COSTA,2009, p.88.


O cozimento e a presença de gorduras aumentam a absorção do licopeno pelo organismo. O efeito do aquecimento é aumentar sua solubilidade e, consequentemente, sua disponibilidade6. A adição de uma dose moderada de gordura monoinsaturada facilita o transporte, a absorção e a ação do licopeno no organismo. Por isso, recomenda-se acrescentar um fio de azeite de oliva nas preparações à base de tomates3.

Hoje em dia, há a comercialização do licopeno em cápsulas. Porém, o consumo dos alimentos fontes é muito mais saudável. O tomate e as frutas contêm também outros nutrientes necessários ao bem-estar e à saúde do corpo como proteínas, lipídeos, carboidratos, fibras, vitaminas, sais minerais, além de outros antioxidantes que podem ajudar a proteger as células saudáveis dos danos causados pelos radicais livres.

Ainda não há consenso sobre as quantidades mínimas e máximas de licopeno que podem ser ingeridas pela população a fim de oferecer eficácia sem proporcionar riscos.

É importante salientar que nenhum alimento isolado pode ser usado para solucionar problemas de saúde. A vida saudável é conseqüência de uma alimentação equilibrada, a prática regular de exercícios físicos e a participação em atividades sociais, espirituais e intelectuais. A saúde é, portanto, reflexo de como a pessoa cuida de sua vida, no dia-a-dia.

Referencias Bibliográficas

1 –BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas
Departamento de Conservação da Biodiversidade. Fontes brasileiras de carotenoides: tabela brasileira de composicao de carotenóides em alimentos / Delia B. Rodrigues-Amaya, Mieko Kimura e Jaime Amaya-Farfan [autores]; Lidio Coradin e Vivian Beck Pombo, Organizadores. – Brasilia: MMA/SBF, 2008. Disponível em: <
http://www.thinkmedia.com.br/cban/tabela_carotenoides.pdf> Acesso em: 06/11/09.

2 – COSTA, P.R.F. da; MONTEIRO, A.R.G. Benefícios dos Antioxidantes na Alimentação. Revista Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 1, pp. 87-90, jan./abr. 2009. Disponível em: <
http://www.cesumar.br/pesquisa/periodicos/index.php/saudpesq/article/view/996/727> Acesso em: 05/11/09.

3 – MACHADO, C.X. Tomate: o papel do licopeno na proteção antioxidante. 2005. 13 f. (Monografia da disciplina Estresse Oxidativo em Sistemas Biológicos) - Departamento de Biofísica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Disponível em: <
http://www.ufrgs.br/LEO/monografiaTomateclaudio.pdf > Acesso em: 30/10/09.

4 – PEREIRA, S. Processamento de tomates (Lycopersicom escullentun Mill), cv. Débora cultivados de forma tradicional e orgânica, para obtenção de extratos. 2007. 75 f. Dissertação (Mestrado em Ciências e Tecnologia dos Alimentos) - Instituto de Tecnologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Available from: <> Acesso em: 10/11/2009.

5 – SHAMI, N.J.I. E.; MOREIRA, E.A.M. Licopeno como agente antioxidante. Rev. Nutr. [online]. v.17, n.2, pp. 227-236, 2004. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732004000200009&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> Acesso em: 03/11/09

6 - SILVA, A.M. da; SCHNEIDER, V.C.; PEREIRA, C.A.M. Propriedades químicas e farmacológicas do licopeno. Revista Eletrônica de Farmácia v.6, n.2, pp.36-61, 2009. Disponível em: <
http://200.137.221.132/index.php/REF/article/view/6546/4805> Acesso em: 30/10/09