quinta-feira, 27 de março de 2008

Vitamina B12 e ferro, onde mesmo eu consigo?

Comentário do internauta:
“Como assim as vitaminas do complexo B só podem ser obtidas na carne!?! que absurdo! e o Lêvedo de cerveja? E convenhamos, que o ferro contido na carne é de difícil absorção pelo organismo, o que dizem então do tofú, o açaí, a rapadura!? estes sim, quando consumidos com vitamina C, (suco de laranja, por exemplo) potencializam a absorção do ferro!
Pôxa, este poderia ser um lugar onde se falasse abertamente de alimentação, sem colocar informações mais uma vez ao sabor das grandes indústrias alimentícias e suas mentiras ganha-pão, como as outras publicações a respeito de saúde e alimentação).” Anônimo

Resposta:
por Daiane Sousa
É importante questionar para se ter uma boa interpretação das informações disponíveis indiscriminadamente na internet.

Publicamos em um artigo: “carne vermelha é fonte de uma vitamina que pertence ao grupo das vitaminas do complexo B...”. Essa vitamina específica é a B12, também chamada cobalamina, de fonte exclusivamente animal. Porém, as demais vitaminas do complexo B podem ser encontradas tanto em alimentos de fonte animal como vegetal, inclusive na carne.

O levedo de cerveja é usado por muitos para suprir a necessidade dessa vitamina quando a alimentação é insuficiente (comumente entre os vegetarianos restritos). Porém, já foi comprovado, com o avanço dos métodos de quantificação de vitamina B12, que o que se acreditava ser essa vitamina nada mais era que um análogo. Ou seja, de fato, não há vitamina B12 no levedo de cerveja, como se pensava há um tempo atrás, e esse análogo não produz os mesmos efeitos no organismo. Sempre é preferível obter um nutriente a partir de uma alimentação variada e com alimentos saudáveis, é mais simples e prazeroso.

Quanto à capacidade de absorção de ferro pelo organismo, ferro contido na carne não é de difícil absorção. Pelo contrário, ele é biologicamente mais disponível, por ser ligado a um grupo de proteínas (heme) e absorvido diretamente pelas células da mucosa intestinal (sem necessidade de transportadores).

Alguns vegetais também são ricos em ferro, porém estes estão na forma não-heme e possuem outros compostos como fitatos, por exemplo, que tornam o ferro menos absorvível pelo intestino humano¹.

Além disso, estudos comprovam que um grupo específico de vegetarianos que consomem suplementos, sendo o levedo de cerveja (também fonte de ferro) o mais consumido, possuem o consumo de ferro dentro das recomendações, mas a absorção é comprovadamente baixa². Ou seja, uma parte do ferro consumido acaba não sendo absorvida. Assim como se deve ter cautela ao sugerir açaí como fonte de ferro³, pois esse alimento não apresenta boa quantidade de ferro obsorvivel.

É indiscutível que o consumo de ferro associado com vitamina C potencializa sua absorção e essa potencialização é para os dois tipos de ferro. Assim, é importante o consumo associado da vitamina C independente da fonte de ferro. Como já foi dito em artigos anteriores, a vitamina C está presente em diversos alimentos que podem ser associados em nossas refeições.

Fontes:
1 – J. E. Dutra de Oliveira, J.Sérgio Marchini, Sarvier, 2003 – Ciências Nutricionais
2 - Teixeira. R.C.M.A. et al. Nutritional status and lifestyle in vegetarians and omnivorous individuals- Grande Vitória. Revista Brasileira de Epidemiologia 2006; 9(1): 131-43
3 – S.D.A. Toiaria, L.K.O.Yuyama, Rev. Nutr. vol.18 no.3 Campinas May/June 2005 Iron bioavailability of the açaí (Euterpe oleracea Mart) and the iron-fortified manioc flour in rats.
4 – www.nutriveg.com.br

terça-feira, 18 de março de 2008

Chocolate: uma tentação difícil de se resistir!

por Ana Carolina Gontijo

Quem não já escutou os famosos comentários: “Quem inventou o chocolate é um gênio!” ou “Chocolate presente dos deuses!”. Um alimento tão saboroso e apreciado, sendo um dos doces mais consumidos em todo mundo. Sua origem é bastante antiga, estudos feitos em Honduras indicam que bebida de cacau era consumida na América Central, pelas civilizações astecas em 1150 a.C, cerca de 500 anos antes do que se imaginava. E apesar do sabor ser bem diferente do chocolate conhecido atualmente, pois ao longo dos anos foram se adicionando açúcar, baunilha, etc. para incrementa-lo, desde antigamente já era conhecido como “um presente dos deuses”, e lhe era atribuído o mito de conferir sabedoria e poder a quem o consumisse em rituais.
Nesta época de Páscoa é difícil não ceder a tentação. Muitas pessoas resistem ao chocolate devido as gorduras e açucares presentes neste que contribuem para ganhar aqueles quilinhos indesejáveis a mais. E para aqueles que reprimem demais o seu desejo por chocolate, cuidado! De acordo com uma reportagem que saiu na Folha de São Paulo, uma equipe de psicólogos da Universidade de Hertfordshire, Inglaterra, analisou 130 voluntários, divididos em dois grupos e descobriu que pessoas que reprimem essa vontade podem acabar comendo ainda mais quando resolvem ceder à ela.
Apesar do seu teor de gordura e açúcar, o chocolate possui outras substâncias de importante valor nutricional como, proteínas (albuminas e globulinas), vitaminas (tiamina, riboflavina e outras), minerais (cálcio, sódio, magnésio, fósforo, potássio, ferro, cobre...) e sobstâncias funcionais que auxiliam no combate aos radicais livres e melhoram a qualidade de vida. Assim mesmo, deve ser consumido com moderação!!! E devemos atentar também aos diferentes tipos e recheios!

Um tipo, por exemplo, que devemos tomar cuidado é o chocolate diet. Muitas pessoas pensam que por ser sem açúcar, teria menor valor energético. Mas frequentemente ocorre o contrário, pois a indústria, para compensar a ausência desse ingrediente, adiciona mais gordura ao alimento para alcançar a textura desejável, dando a esse alimento um maior valor energético. Outro fator ao qual devemos ter cuidado, principalmente os diabéticos, é o consumo excessivo desse chocolate, devido a presença de poliálcoois (sorbitol ou manitol) em sua composição para obter-se o efeito de serem absorvidos mais lentamente. Essas substâncias podem gerar reações indesejáveis como ganho de peso, elevação da glicemia e, no caso das crianças, distúrbios gastrintestinais como flatulência (produção de gases) e diarréia.
Já ao chocolate meio amargo, atribui-se propriedades benéficas. Um estudo alemão publicado no jornal the American Medical Associatian, propõe que uma pequena ingestão diária de chocolate amargo pode diminuir a pressão arterial sem aumentar o peso ou outros riscos à saúde. Há outros estudos que sugerem o mesmo, sendo atribuída essa propriedade a compostos chamados polifenóis, componentes do cacau.

Outros estudos também sugerem que o chocolate preto poderia prevenir doenças cardiovasculares, uma vez que chocolate escuro possui flavonóides (um tipo de polifenois), que melhora a função das artérias e veias do coração. Porém, os estudos demonstram melhoras apenas para o consumo de chocolate puro (sem leite e sem açúcar). Os flavonóides, porém, não são apenas encontrados nos chocolates, podem também estar presentes presentes em frutas, verduras e alguns tipos de chás.

Outras características positivas são atribuídas a outras substâncias presentes no chocolate: metilxantina, ocasiona sensações de bem-estar; a teobromina, um dos tipos de metilxantina, é uma substância estimulante, que age tanto no sistema nervoso central como no sistema muscular, melhorando o funcionamento dos vasos sanguíneos e prevenindo infartos e derrames; e a fenilfetilamina, conhecida como “anfetamina do chocolate” por provocar uma sensação de euforia como “sensação de estar apaixonado”, e outras substâncias e efeitos que ainda estão sendo estudados.

Então, coma chocolate não apenas na Páscoa, mas aprecie-o com moderação.
O CASA deseja uma Boa Páscoa a todos!

Fontes Bibliográficas :
- Effects of Low Habitual Cocoa Intake on Blood Pressure and Bioactive Nitric Oxide: A Randomized Controlled Trial.". Dirk Taubert, Renate Roesen, Clara Lehmann, Norma Jung, and Edgar Schömig. JAMA. 2007; 298:49-60. Vol. 298 No. 1, July 4, 2007.
- Chocolate: Fonte de Prazer e Saúde. Eliana H. Endo ; Emilia Narita e Yumiko Massago. Bacharelado em Farmácia e Bioquímica-Uem-Maringá. Edna Regina Netto de Oliveira. Universidade Estadual de Maringá
http://www.secom.unb.br/bcopauta/nutricao21.htm
http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8036

domingo, 9 de março de 2008

E o café?

Pergunta:
Aproveito para pedir publicações sobre a questão "CAFÉ" minha igreja proíbe, o psiquiatra recomenda, sinto falta quando não tomo, e agora misturo cevada ao pó em busca da diminuição do consumo. Isso dá certo?

Resposta:
por Kátia Godoy
Até o presente momento, muitos estudos indicam que o consumo moderado de café, de 3 a 4 xícaras (das de café, com capacidade de 50ml) por dia, não está associado a prejuízo à saúde. Inclusive, pesquisas evidenciam efeito protetor do consumo moderado e diário do café em relação a doenças neurodegenerativas como o Mal de Alzheimer e o de Parkinson e em relação ao desenvolvimento de diabetes tipo 2.
O maior perigo relacionado ao consumo de café é o seu excesso, pois a cafeína é uma substância que pode prejudicar a absorção de alguns minerais como o cálcio. Além de ser um estimulante e poder levar a insônia ou hiperatividade em alguns casos, podendo inclusive causar dependência.
Porém, um perigo relacionado indiretamente com o consumo de café é o consumo elevado de açúcar, pois muitas pessoas adicionam grandes quantidades nessa bebida. O ideal é consumir o café com pequena quantidade de açúcar ou sem açúcar. Quem sabe optar por um adoçante?
Aí vão links de sites interessantes indicados pela professora Liliane Machado, uma das pesquisadoras da UnB sobre o tema.
A cevada torrada em pó solúvel é indicada por alguns profissionais como um bom substituto ao café, para aqueles que desejam reduzir o seu consumo. Como não apresenta a cafeína, essa troca total ou parcial pode ser benéfica às pessoas que exageram no café.